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Conheça Seu Gilberto, ativista responsável pela criação do projeto vizinho ao Parque Mosaico

Leia abaixo uma conversa com Gilberto Ribeiro, responsável pela criação da Praça das Flores no Conjunto Flamanal no bairro Planalto, vizinho ao Parque Mosaico. Seu Gilberto, como é conhecido, atua como ativista ambiental pela limpeza dos igarapés da cidade e pelo acesso dos moradores do bairro à cultura e educação. Ele é um dos membros da Aliança pela Despoluição do Igarapé do Gigante, coalizão que reúne empresas, associações – como a do Parque Mosaico – e ativistas que lutam pela limpeza do igarapé que banha parte da zona oeste da cidade. Saiba mais sobre a Aliança neste link e leia abaixo a história de Gilberto, contada em entrevista: 

Como surgiu o projeto da Praça das Flores? Por favor, conte um pouco sobre como começaram. 

O projeto Praça das Flores surgiu de uma inquietação com uma grande lixeira viciada que tinha na entrada da rua em que eu moro. Além de ser uma grande lixeira, ela também era um ponto de usuários de drogas. Eles começaram a ir para aquele lugar, as pessoas começaram a jogar lixo – e ali fica uma nascente do Igarapé do Gigante. Isso me deixou sempre preocupado. Procurei uma solução de educação ambiental, colocar placas, mas as pessoas não tinham essa preocupação. 

Então tomei uma atitude: aquela área pública havia sido ocupada por uma lanchonete durante anos. Quando seu proprietário morreu, apareceu um grupo querendo transformar o espaço em uma venda. Organizei um movimento para que tirassem aquele material dali e que se fizesse uma praça. Para transformar de fato, fiz um trabalho de sensibilização com as pessoas para a gente assumir aquilo ali como um espaço de convivência social. Convoquei os moradores através das mídias sociais e passamos a fazer a limpeza do espaço, colocar mudas de flores. Como as ruas do Conjunto Flamanal, onde se encontra essa praça, têm nomes de alguma flor – Papoula, Camomila, Samambaia – a gente resolveu colocar o nome Praça das Flores. Foi inclusive escolhido por votação.

Qual a importância da preservação da área em torno do Igarapé do Gigante?

O Igarapé do Gigante pode ser utilizado para atividades turísticas, até de pesca. Já tem pessoas que pescam nesse Igarapé, tem muita tilápia, mas não é aconselhável para o consumo. Se esse igarapé estivesse preservado, poderia ser até uma fonte de alimento, numa sociedade que tanto precisa. Então a importância da preservação dessas áreas, além de manter toda uma biodiversidade protegida, os pássaros, tem tanta coisa ali, também é essa questão do alimento. Temos os açaizais, os buritizeiros, uma série de outras coisas que podem gerar renda através da bioeconomia. Então a preservação dele é fundamental para que a gente possa também tirar o sustento de algumas famílias – caso do bairro da Redenção, por exemplo, que tem comunidades carentes. 

É importante dizer que os igarapés sem suas margens preservadas não têm vida.

Quais as atividades desenvolvidas na Praça das Flores? Conte por favor de alguns bons resultados do projeto. 

A Praça das Flores não é apenas do Conjunto Flamanal, agora muita gente de outras comunidades já vem para cá. Temos pessoas do interior que vendem os produtos que eles fabricam numa feirinha às sextas-feiras, também é um espaço de convivência, recebemos grupos para fazer reuniões, dá para fazer reservas – grupos de igrejas, por exemplo. Também temos trabalhadores que fazem serviços na rua e escolhem aquele ambiente para repousar, ao meio dia. Muita gente que trabalha no dia a dia usufrui do nosso espaço

Aconteceu muita coisa que nós não esperávamos: algumas ruas próximas à praça eram mais perigosas, todo dia acontecia um assalto. Os moradores daquelas ruas estavam se mudando porque era muito inseguro. Após nossa atuação, acabou esse tipo de assalto no conjunto. Essa foi uma mudança de um simples projeto, de transformar uma área degradada numa praça – que é pequena mas aconchegante. A gente acha que, uma vez concluído, o projeto pode ter uma contribuição ainda maior para a sociedade. Nosso foco principal é recuperar a nascente do igarapé e fazer dela, quem sabe, um modelo para outras ações de recuperação de nascentes que desembocam no Gigante. 

Como os moradores do Parque Mosaico podem participar ou ajudar o projeto?

A Praça das Flores é um espaço de lazer e convivência social, com academia ao ar livre, espaço para crianças, quadra de basquete que todos podem participar. Além disso, já tive oportunidade de perguntar para pessoas que estavam usando a biblioteca e eles eram do Parque Mosaico. Já encontrei pessoas de lá que vieram buscar livros. Talvez falte a gente divulgar mais, até por questão de tempo, mas a biblioteca atende a essa demanda na região. Eu recebo pessoas que vem de Compensa, Alvorada, Campos Elíseos, Versailles, outros bairros e conjuntos no entorno para levar e buscar livros. A gente tem recebido visitas de vários lugares de Manaus para pesquisar e levar livros. Da Cidade Nova já me ligaram pedindo para coletar livros, o Espaço do Conhecimento Sustentável tem feito um trabalho que tem dado muito certo.